Governo
29 Novembro de 2021 | 15h11

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

“Eleições não devem ser motivo de conflitos”

As eleições num país não devem, em momento algum, ser motivo de conflitos, disse o Presidente da República, João Lourenço, aos jovens líderes do continente africano que participaram no "Diálogo Internacional” este sábado, 27 de Novembro, na Bienal de Luanda.

"Hoje é quase moda dizer-se no nosso continente que as eleições são a razão dos conflitos. Eu acho que não. Não é correcto dizer-se isso. Antes pelo contrário, as eleições em princípio deviam evitar conflitos, porque é a forma que se encontrou, e eu diria, é a forma mais justa que se encontrou de se dar aos governados a possibilidade de, em igualdade de circunstâncias, poderem escolher os seus governantes”.

Se assim não fosse, justificou ainda o Presidente João Lourenço, "qualquer um chegaria e impunha a sua vontade, dizendo: o vosso líder sou eu”.

Porém, tendo em conta de que nada é perfeito, o Chefe de Estado angolano acredita que não há eleições que sejam 100 por cento perfeitas.

"Pode haver pequenas falhas, pequenos erros, porque as eleições são realizadas por homens, são os homens que organizam e que participam das eleições”, admitiu João Lourenço, mas sem concordar que a razão dos conflitos em África sejam as eleições ou a vitória de um ou outro candidato, porque os que se sentam lesados podem reclamar e evitar conflitos desnecessários.

"Em qualquer eleição há sempre instituições previamente definidas para que as partes que se sintam  lesadas possam ir reclamar da sua justiça, ir procurar provar que quem está

com a vitória não é o vitorioso. Estas instituições existem e todos os que se sintam lesados devem fazer recurso a essas instituições que funcionam como uma espécie de tribunal”, sustentou.

Para João Lourenço, não é realista e nem justo quem apresenta as eleições no continente como a causa dos conflitos. "Não se encontrou ainda outra forma melhor que as eleições para que os governados possam escolher os seus governantes”.

Sobre o tema, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente de Portugal, descreveu as eleições como uma componente fundamental em democracia, mas que não são elas próprias a democracia, porque democracia é mais do que isso.

"As eleições supõem condições económicas, sociais, culturais, supõem o peso da sociedade civil aqui já, supõem uma cultura viva que sofreu muito no período da pandemia em todas as sociedades”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa falou igualmente da importância da actuação dos jovens em todo o processo ligado às eleições.

"As eleições são muito importante, são o termômetro da vontade popular, mas esse termômetro depende daquilo que é a temperatura real que existe na sociedade, E aí, o vosso papel é de actuarem não apenas nas eleições, mas todos os dias nos movimentos da sociedade”, aclarou.

O Vice-Presidente da Namíbia disse que as eleições devem decorrer num clima de paz e que a juventude tem o dever de impulsionar as boas práticas no seio da sociedade.

"Temos que enaltecer a paz. Se não fizermos isso, estamos a mostrar fraqueza e incapacidade, apelou.

No "Diálogo Intergeracional”, a conversa sobre as eleições no continente surgiu em resposta a uma pergunta sobre a temática feita pela jovem Tunko Jallow, da República Gâmbia.