Saúde
06 Março de 2022 | 00h03

INAUGURADO INSTITUTO HEMATOLÓGICO

Transplantes de medula óssea já podem ser realizados no país

Todas as doenças hematológicas que atingem crianças como anemia falciforme, hemofilia e leucemia, linfomas, as mielo-proliferativas, entre outras doenças do sangue, já podem ser tratadas no país, com a abertura em Luanda do Instituto Hematológico Pediátrico Dra. Victória do Espírito Santo.

Este Instituto foi inaugurado na sexta, dia 4 de Março, pelo Presidente da República, João Lourenço, para reduzir os custos com a evacuação de deste tipo de pacientes para exterior do país.

A unidade vai reforçar o Sistema Nacional de Saúde e garantir a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento multidisciplinar e abrangente dos doentes hematológicos, bem como permitir a investigação de casos complexos, por quadros nacionais de excelência, visando dar resposta e melhorar a qualidade de vida das crianças angolanas.

A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, avançou que o maior ganho é a realização, pela primeira vez no país, de transplantes em doentes com aplasia medular, leucemia, linfoma e anemia falciforme e outras, no Serviço Nacional de Saúde, reduzindo o número de pacientes com necessidades de evacuação para o exterior do país.

"Também terão aqui tratamento diferenciado.  Para além da investigação, vamos formar quadros angolanos e teremos ainda este ano, acreditamos, os primeiros transplantes de medula óssea a serem realizados aqui nesta instituição”, acrescentou a ministra.

Sílvia Lutukuta disse ainda que o Instituto Hematológico Pediátrico Dra. Victória do Espírito Santo vai ser um catalisador na formação de especialistas nos vários domínios da hematologia e na oferta de serviços de saúde especializados de alta qualidade.

"Este processo está a ser preparado com quadros angolanos, alguns já com formação em hematologia, mas ainda são poucos, temos que formar mais. Temos um acordo com Cuba e virão equipas de referência, para darem assistência aos nossos doentes e formação aos nossos técnicos de hematologia, quer formação de curta duração, quer especializada, de longa duração”, explicou.

Estima-se que nasçam anualmente 12.000 crianças com anemia falciforme e 3.000 com hemofilia.

Em relação às neoplasias hematológicas, a ministra realçou que as leucemias são as neoplasias malignas mais frequentes nas crianças, representado cerca de 30 por cento de todas as neoplasias pediátricas.

A Dra. Victória do Espírito Santo, que Instituto Hematológico Pediátrico homenageia é uma renomada médica angolana, com um curriculum rico, tanto na sua dimensão pessoal e humana, quanto na sua intervenção enquanto profissional da saúde ligada à pediatria, à gestão do Hospital Pediátrico David Bernardino, à formação de médicos e à investigação científica, cujos trabalhos publicados têm contribuído no processo formativo da medicina em Angola.

"Gostaria de agradecer a todas as pessoas, os colegas com quem convivi e aprendi, os pais das crianças que confiaram em nós e permitiram que nós melhorássemos também o nosso saber, porque tivemos que estudar para dar resposta à solicitação que eles procuravam”, disse a médica.

Orçado em 38.5 milhões de dólares, a obra teve início em Outubro de 2017. Trata-se de um edifício com sete pisos, construído numa área de 11.700 metros quadrados.

O piso zero é reservado para o atendimento ao paciente hematológico; o piso 1 inclui a área de hemoterapia, imagiologia e laboratórios; o piso 2 alberga a área administrativa e pedagógica.

No terceiro piso encontra-se o centro de transplante de medula óssea e no quarto piso a área de internamento para pré e pós-transplante com enfermarias.

No subsolo, há mais dois pisos onde estão as instalações técnicas e uma fábrica de gás hospitalar.